Desenvolvida principalmente durante o auge da era do salitre, Iquique era uma cidade originalmente peruana e que passou ao domínio chileno após a Guerra do Pacífico (1879-1883). Hoje, com quase 200 mil habitantes, é uma maiores cidades do norte do país e um popular destino turístico graças, em parte, às suas praias de águas relativamente quentes (quando comparado com restante do gélido litoral chileno, afetado pela Corrente de Humboldt). Localizada a 1.750km da capital, Santiago, e 410km ao norte de Antofagasta, em pleno Deserto do Atacama, Iquique tem uma média pluviométrica anual de apenas 1mm, ou seja, qualquer chuva é um evento extremamente improvável na zona.
O centro de Iquique, bastante compacto, possivelmente seja o mais interessante em todo o norte do Chile. Diversos edifícios conservam a sua arquitetura original do século XIX quando empreendedores europeus, na busca da riqueza proporcionada pela exploração das minas de salitre, construíam suas residências na cidade. A rua Baquedano particularmente, no coração da cidade, preserva diversos exemplos da arquitetura Vitoriana adaptada ao clima local. No final (ou início) da rua, a praça Arturo Prat, a principal da cidade, concentra algumas das obras mais representativas de Iquique, como a Torre do Relógio, o Teatro Municipal (um dos mais importantes do país) e o Casino Español, hoje convertido em restaurante, e que merece ser visitado ainda que apenas pela decoração interior.
O Museu Corveta Esmeralda, localizado à beira-mar, ainda na região central da cidade, converteu-se em um dos monumentos mais fotografados de Iquique após a sua inauguração realizada em tempo para as comemorações do bicentenário da independência do Chile, em 2010. Trata-se de uma reprodução, diz-se fidedigna, de uma das embarcações símbolo do orgulho nacional chileno, afundada em batalha da Guerra do Pacífico em 1879. É possível ingressar na corveta e conhecer um pouco da história da marinha e dos principais conflitos armados chilenos do século XIX.
Finalmente, Iquique também é um importante destino para o turismo de compras, graças a sua zona franca. Iquique abriga um dos dois portos livres do país (o outro está em Punta Arenas, no extremo sul), e seu centro comercial, conhecido como ZOFRI, atrai milhares de visitantes interessados em produtos livres de impostos.
Deixando a cidade pela Rota 16 em direção a Alto Hospicio, obtém-se uma ótima vista panorâmica de Iquique. Dirigindo cerca de 50km pela mesma estrada, até logo antes no entroncamento com a Rota 5, principal artéria viária do Chile, chega-se às antigas oficinas das companhias de salitre de Santa Laura e Humberstone. Ambas estão abertas a visitação, mas no caso de haver a necessidade de escolher apenas uma, Humberstone é o destino. Em seus auges, Santa Laura e Humberstone contavam com, respectivamente, 425 e 3.500 habitantes e, hoje reconhecidas como Patrimônios Culturais da Humanidade, constituem a melhor representação do período de apogeu da exploração do salitre na região. Em ambos os locais, os quais funcionaram de forma independente, pode-se vivenciar algo do estilo de vida que levavam os funcionários das empresas de salitre e suas famílias: suas casas, lojas, igrejas, clubes esportivos, armazéns e oficinas.
Um interessante prolongamento dessa visita pode ser seguir viagem pela Rota 5 Norte até o povoado de Huara e então seguir em direção à Cordilheira dos Andes. Cerca de 45km depois de Humberstone chega-se ao Cerro Unitas, onde repousa o Gigante do Atacama: o maior geoglifo antropomórfico do mundo, possivelmente uma deidade desenhada pelos habitantes locais entre os anos 1.000 e 1.400 da nossa era. Seguindo mais 150km na mesma direção chega-se a Colchane, na fronteira com a Bolívia, a 3.730m de altitude. A partir daí pode-se visitar o Parque Nacional Vulcão Isluga ou seguir viagem até a cidade boliviana de Oruro, a 240km de distância.
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